Retratos da "Nápoles Milionária" Nº2
Mário Júlio (Brigadeiro Ciappa)
Teve alguma experiência em teatro anteriormente ou é a primeira vez?
Faço teatro amador desde 1973. Integrei o grupo de teatro universitário no Porto. O Teatro Amadores combate, no Cartaxo, o Kaspiadas, em Pontével. Fui formador no FAOJ (atualmente IPJ).
O que o levou a participar nas Audições para “Nápoles Milionária”?
Sei lá... no mínimo, faltam-me uns parafusos. No máximo, a adrelina do palco...
Fale-nos da sua personagem.
Sou um comandante da polícia do regime da Itália da II GG. Fascista, com visão das condições humanas (des)criadas pela Guerra e com o patriotismo necessário para «fechar os olhos» às atividades ilegais que a luta pela sobrevivência motiva. Tenho três filhos. Sou um tipo bem humorado que não tem outro remédio senão cumprir o «dever». Também não sou nenhum herói: tenho medo das bombas e fico à rasca ao confidenciar a um pai que vou prender o seu filho.
Como têm sido esta experiência?
Estressante, naturalmente!!
Fale-nos desta "Nápoles Milionária"?
Acontece nos últimos anos da IIGG e no seu final. Uma família que se desenrasca com o contrabando, um jovem que se desenrasca roubando, uma jovem que se desenrasca flirtando os soldados americanos (tão bons que eles são, tão libertadores...). É o ridículo da americanização: os heróis são os vencedores. A perda de valores, a assimilação de costumes (da pastilha elástica à música, cinema e dança...). É uma crítica aos hábitos, à realidade da submissão, aos sonhos feitos de «ter».
Pensa que a peça será bem recebida pelo público do Cartaxo?
Claro: espero sobretudo que o público seja capaz de perceber que não estaremos perante umas asneiras e umas graçolas... espero que a crítica social seja devidamente entendida.
De futuro, caso surgisse uma nova oportunidade de estar em palco, aceitaria?
Sei lá, esta ainda não acabou... e eu já estou aflito: porra para os textos!!
Nápoles Milionária é uma peça de Eduardo De Filippo, encenada por Frederico Corado em cena no Centro Cultural do Cartaxo de 14 a 17 de Novembro numa produção Área de Serviço com a Mosaico e o apoio da Câmara Municipal do Cartaxo
Foto de Vitor Neno (alterada)
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